Divulgamos a denuncia da Liga de Camponeses Pobres de Rondônia
Camponeses do acampamento Zé Porfírio são despejados e ameaçados
de morte pela polícia
Jaru, 9 de março de 2013
Camponeses tomaram uma pequena
fazenda, vizinha do Canaã, no município de Ariquemes. Aos poucos foram chegando
mais pessoas, num total de 60, lutando por um pedaço de terra para trabalhar. O
acampamento recebeu o nome de “Zé Porfírio”.
No dia 27 de fevereiro de 2013, 2
viaturas da PM, 1 da Polícia Civil e outra do GOE, 1 caminhão baú e 1 ônibus
chegaram de manhã ao acampamento e despejou os camponeses. Todos foram levados
para a delegacia de Jaru, onde foram tratados como bandidos e coagidos durante
os depoimentos. Segundo os camponeses, o delegado de Jaru ameaçou de morte um
dos líderes do acampamento. Um grupo de acampados se escondeu num curral próximo
e viu quando 5 policiais do GOE retornaram ao acampamento às 15 horas. Eles
ficaram esperando e os camponeses ouviram quando um policial disse: “Bem que
podia aparecer uns 3 sem terra para a gente cortar na bala.” Às 17 horas os policiais
já iam embora quando chegou o latifundiário Oswaldo Nicoletti, seu gerente e 2
peões, provavelmente pistoleiros. Só então os camponeses entenderam o que os
policiais do GOE estavam esperando: com a ajuda pessoal do Sr. Oswaldo
Nicoletti, derrubaram de motor os barracos dos camponeses e botaram fogo.
Depois foram embora.
Na mesma noite, este grupo de camponeses retomou
acampamento. Nos dias seguintes, todos os demais acampados retornaram. Só um
desistiu.
No último ano, surgiram 5
acampamentos na região de Theobroma, próximo da área Canaã. Totalizando centenas
de homens e mulheres lutando pelo sagrado direito à terra para trabalhar. Hoje,
mais pessoas nos procuram para acampar, a maioria é de desempregados, que
passam necessidade nas periferias das cidades. Isso joga por terra a propaganda
mentirosa do governo federal de que a luta pela terra hoje não é mais
necessária, que quem quiser terra agora pode comprar “em suaves prestações”
pelo banco da terra.
Só a
Revolução Agrária trará a verdadeira democracia aos campos do Brasil.
Os latifundiários estão
preocupados e têm se organizado mais. Um funcionário do Incra nos informou de
uma reunião realizada entre o Sr. Oswaldo Nicoletti (proprietário de um
latifúndio vizinho da área Canaã) e Lindolfo
Cardoso (filho da Ângela
Semeghini, que se diz uma das proprietárias das terras do Canaã e é a cabeça da
repressão contra os camponeses) com o fazendeiro Zé Pedro, dono das terras da
área Renato Nathan. Esta área faz parte do Canaã, que está em processo de
compra pelo Incra. Zé Pedro nunca ameaçou nem entrou na justiça contra os
camponeses e tem interesse em negociar a terra com o Incra. Oswaldo Nicoletti e
Lindolfo Cardoso pressionaram Zé Pedro a mudar sua conduta e passar a reprimir
os camponeses.
O Sr. Oswaldo Nicoletti é
proprietário de serraria, laminadora , cerâmica e latifúndios em Jaru. É uma
das pessoas mais ricas da cidade, às custas de não pagar salários e direitos
trabalhistas aos trabalhadores e dos planos
de manejo falsos, como o que tem nas terras do acampamento Zé Porfírio, usados
para “esquentar” madeira extraída de outros locais. Este esquema de roubo de
madeira é tão comum entre grandes madeireiras de Rondônia que até as crianças
sabem. Só o Ibama, Sedam, “justiça” e polícias fingem que não conhecem.
Enquanto isso, os camponeses é que são tratados como bandidos, são despejados,
presos, perseguidos e assassinados.
Conclamamos todos os camponeses,
estudantes, comerciantes e demais trabalhadores da cidade e do campo a defender
o direito à terra dos camponeses pobres da área Zé Porfírio e denunciar as
ameaças da polícia.
O povo quer terra,
não repressão!
Tomar todas as terras
do latifúndio! Viva a Revolução Agrária!
LCP – Liga dos Camponeses Pobres de Rondônia e
Amazônia Ocidental
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