Mais uma
vez, o Dolores Boca Aberta
Surpreende
seus admiradores
Neste sábado, 15 de Setembro de 2012, foi inaugurado uma
verdadeira obra prima em homenagem aos operários. Essa homenagem teve como
parâmetro a audácia e a criatividade, de um grupo de teatro da Zona Leste de
São Paulo, que vem buscando popularizar a arte e fazer com que o povo sinta em
cada ato ou ação, um pouco da emoção e representado por cada ato. Esse grupo é
formado por atores que se enxergam como
artistas trabalhadores. Nascidos e criados na periferia de São Paulo, em sua
criminalizada Zona Leste. Sofrendo com todas suas intempéries e preconceitos.
Desde sua criação, o Coletivo Dolores Boca Aberta, vem realizando atividades culturais em diversos seguimentos, sendo as artes cênicas, uma marca bastante admirada por onde passam, há também personagens bastante pitorescos, como é o caso do Candidato Armando Boas Praças, que sempre aparece em épocas de eleição, prometendo melhorar os problemas do povo e inaugurando praças, colocando o seu busto – uma forma de satirizar os políticos, que só prometem e fazem demagogia, além de ter o número de campanha 171, é candidato pelo POB (Partido Oportunista Brasileiro), também uma alfinetada nesses partidos eleitoreiros.
Segundo um dos coordenadores do Coletivo Dolores Boca Aberta – Luciano Carvalho, para realizar tal feito, o grupo teve que se adaptar e discutir, como fazer esse trabalho:
“A ideia ela não surge repentinamente como uma boa ideia. É resultado de um processo, num acumulo em pesquisa, luta política, luta estética desse coletivo, então o lance de fazer ocupações públicas, agente já tinha uma experiência junto ao movimento dos sem-terra, junto ao movimento arte de grupo da cidade de São Paulo, que agente milita também.”
“A ideia de construir monumentos, agente fez um ensaio sobre isso, uma pequena brincadeira, ou uma primeira brincadeira com pequenos bustos de bronze, que agente chegou espalhar uns três pela cidade, que são bustos do político corrupto que agente criamos, o Armando Boas Praça – o oportunista. Ou seja, para saltar dessa ideia do pequeno busto a um monumento e saltando também da qualidade de um busto satírico a um monumento provocador, a proximidade era evidente. Como fazer sendo nós trabalhadores de arte – do teatro, trabalhadores de cultura e trabalhadores de outra funções também, agente teve meio que fazer, duas três funções pra sobreviver. Como realizar uma obra desse porte, sem ser donos dos meios de produção e sem alienar trabalho, sem fazer as coisa que agente luta contra?”
Estampa em camisa, demonstra o repúdio do grupo, nessa farsa eleitoral |
Esse monumento foi inaugurado entre as estações Artur Alvim e Corinthians-Itaquera, em um local que esta sendo disputado pelo poder público, para alargar a Radial Leste. Por tanto, ele também é uma obra de resistência, pois esta no caminho dessas pretensas obras. Também há a questão dos moradores de prédios, que também estão na mira do projeto. Segundo o coordenador, a prefeitura tentou impedir que se realizasse a obra, tentaram criar impeditivos, mas todos foram contornados pelo grupo.
A relação entre a população e eles, teve uma situação pitoresca, pois no início, alguns os viam com preconceito, pelo fato deles estarem acampados na praça debaixo de lona. Mas com o passar do tempo, as atividades foi ganhando o apoio popular, que foram aumentando a cada dia, a ponto da população fazer doações de alimentos, frutas e etc.
Também, houve alguns
que torceram o nariz, ao ver a foice e o martelo no caminho do “Itaquerão”:
A hora da
inauguração
Operário Almino José de Melo Filho serralheiro que soldou as peças da obra de arte |
A Escola de Samba – Grupo da Lona Preta estava fazendo a anunciação do evento, nas ruas do entorno e o oportunista Armando Boas Praça, fazendo a sua campanha pelo POB (Partido Oportunista Brasileiro), seus cabos-eleitorais, distribuindo santinhos, pelas ruas. Eis que de repente chega uma notícia: Não poderá ser utilizado o palanque, pois havia ocorrido um problema e poderia comprometer o evento. Mas, acostumados ao improviso, o Dolores Boca Aberta, rapidamente mostrou sua organização e disciplina, distribuíram as tarefas e montaram o Show no chão, junto ao público, ideia essa que foi aplaudida pelos presentes.
A Turma da Lona Preta
chegou com os batuques e em seguida o público foi se aglomerando. O grupo
Nhocuné Soul, dando os últimos retoques eis que às 18:30 horas, inicia a
homenagem, com o Nhocuné Soul, mostrando suas qualidades e ritmo – que não
foram abaladas devido ao problema com o som.
A curiosidade aumenta e o público também – cerca de 300 a 400 pessoas fixas e centenas de curiosos que passavam e iam saber de que se tratava. Quando surge de forma oportunista mais uma vez, o candidato Armando Boas Praça, com uma trupe de teatro, fazendo uma encenação de como um político é cara-de-pau e enganador – recebido sob vaias pelo público. Após escorraçar esse picareta, o público se volta para o monumento, que teve sua inauguração feita pelo operário da obra, Almino José de Melo Filho – Serralheiro, que acompanha o grupo desde o início, ele relatou que de todos os trabalhos que ele já fez, esse havia sido o que mais emocionou, pois tinha um significado especial e ficaria por toda vida. Uma companheira, que não fazia parte do grupo, mas acompanha-o há 4 anos, estava ajudando na organização e emocionada, relata, que ali estava, mais um presente do grupo a cidade de São Paulo e que cabia a todos ajudar a preserva-lo, relatando sobre a luta contra a criminalização dos movimentos e o preconceito, além das dificuldades que é realizar um feito desse tipo.
Tiago Mini, que também é um dos organizadores do Coletivo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes, para diante do monumento e demonstra toda sua emoção a ver o esforço do grupo materializado e principalmente o sorriso de felicidade do público presente, relata: “A minha emoção é de ter realizado uma obra coletiva feita por trabalhadores e para os trabalhadores de cunho político e que representa um marco para a cidade.”
Um casal de terceira
idade, que passava, atravessou a avenida e veio ver de que se tratava, embora
meio que tímidos, puderam relatar a importância de ter uma obra de arte na
periferia: “É uma honra de grandeza e cultura, eu sou muito fã de obras de
arte”.
Luciano Costa, também membro da coordenação, fica estático de fronte ao monumento, como que sentindo todo o êxtase da realização, com certeza, deveria estar passando pela sua cabeça, todos os percalços e dificuldades encontradas, para materializar a homenagem, perguntado, ele olha pra mim e diz: “É uma emoção grande, realizar uma obra desse porte, principalmente por tratar de uma obra de resistência, que simboliza os trabalhadores, representados pelo elefante e seus inimigos de classe que é o capital, a burguesia e o clero – representados pelos três ratos, sob os pés do elefante, que segundo a fábula, têm medo de ratos, mas quando souber da sua força, pode esmagar os ratos com as suas patas, assim é o trabalhador e nós buscamos expressar isso nessa obra.