Todo Apoio a Luta Camponesa
Nós do Protesto Popular conclamamos
a todos os progressistas e lutadores para apoiar e defender as
famílias camponesas do Norte de Minas, que desde 1998 estão assentadas em
Varzelândia no Para Terra I, ocorre é que nesta área há um acentuado
enfrentamento contra o latifúndio e a má fé deste velho e podre Estado burguês
- latifundiário. Por isso apoiamos de forma inconteste essa batalha que com toda
certeza é parte integrante da luta do nosso povo.
Varzelândia e todo o Norte de Minas
vivem um momento muito especial no enfrentamento contra os latifundiários que
pagam pistoleiros para ameaçar e amedrontar camponeses e lideranças como
ocorreram recentemente (fim de novembro de 2012), na fazenda Beirada em Mangas.
Com a determinação dos camponeses e suas lideranças de não arredar pé de suas
justas posições, o velho Estado burocrático, esta querendo colocar povo contra
povo e não podemos em hipótese alguma admitir isso. Nessa Região, os camponeses
tem uma extensa bagagem de resistências, narradas em livros e contos que
relatam as lutas do povo – Como “Grande Sertão: Veredas” de João Guimarães Rosa
e também muitas passagens de outros consagrados escritores.
As famílias do Para Terra I, são
bastante conhecidas na região pela disposição e determinação na luta. Veja o Manifesto
que a Liga dos Camponeses Pobres divulgou:
Em defesa das famílias
camponesas do
Para Terra I/Varzelândia
13/02/2013
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Grupo de teatro Servir ao Povo do Para Terra I se apresenta em atividade da LCP |
1.
Nós 35 famílias camponesas assentadas no Para Terra I no município de
Varzelândia (MG) estamos sendo ameaçadas de expulsão pelo próprio estado para a
suposta criação do “Território Quilombola do Brejo dos Crioulos”. Estamos sendo
também coagidos a aderirmos ao suposto território num flagrante desrespeito a
nossa autonomia como comunidade. É justo e necessário distribuir a terra para
os camponeses pobres da região, mas acreditamos que isso deve ser feito tomando
e cortando as terras do latifúndio e não dos camponeses pobres.
2. As
ameaças de expulsão do Para Terra I são mais uma forma encontrada pelo estado para
nos dividir. Somos todos camponeses pobres, trabalhadores que lutamos por terra
e uma vida digna. Muitos de nós temos parentes quilombolas (avós, tios,
sobrinhos, genros, compadres, netos), muitos moradores do Para Terra I são
casados com pessoas que farão parte do território quilombola e muitas pessoas
que se consideram quilombolas vivem no Para Terra I.
3.
Desde 1998 várias famílias de camponeses pobres de Varzelândia e região se
reuniram, adquirindo crédito fundiário por meio de contrato firmado com o Banco
do Nordeste dando origem ao que hoje é o Para Terra I. Há quinze anos lutamos
em cima dessas terras para dela tirar nosso sustento e transformar o Para Terra
I em uma das comunidades com a maior produção de hortifrutigranjeiros de
Varzelândia e região.

5. No
ano de 2006 as famílias do Para Terra I, juntamente há várias comunidades da
região consideradas quilombolas, com o apoio da Liga dos Camponeses Pobres e da
Liga Operária, construímos de forma coletiva e independente do estado a Ponte
da Aliança Operário-Camponesa sob o ribeirão Arapuim entre as comunidades Para
Terra I e Nossa Senhora Aparecida.

7.
Mais de 80 mulheres e 300 homens participaram da obra de construção da ponte em
mais de 1.800 dias de trabalho voluntário coletivo, sendo que no enchimento da
cabeceira da ponte chegaram a participar dos trabalhos num mesmo dia mais de 70
pessoas. A construção da ponte foi e continua sendo um grande e importante
exempo da força que temos quando estamos unidos e organizados.
8. As
crianças e jovens do Para Terra I estudam nas escolas da região e junto aos
companheiros da Escola Popular desenvolvemos uma primeira campanha de
alfabetização através da qual, cerca de 18 jovens e adultos aprenderam a ler e
escrever. E, após muitos esforços, hoje temos uma escola municipal dos anos
iniciais do ensino fundamental na qual estudam cerca de 40 crianças.
9.
Ainda como resultado do trabalho da Escola Popular temos hoje um grupo de
teatro que existe há três anos formado por cerca de 15 adolescentes e que já
apresentou peças em escolas e eventos em Varzelândia, Verdelândia, Pedras de
Maria da Cruz e Manga. Além de participarem de um curso ministrado por
respeitado diretor de teatro de Montes Claros através de projeto cultural
financiado pelo Ministério da Cultura.
10. A
comunidade do Para Terra I é conhecida e respeitada por toda a população de
Varzelândia e região e um exemplo disso é a realização da já tradicional Feira
de Produção que, em sua ultima edição no ano de 2012 em dois dias de intensas
atividades, reuniu centenas de pessoas em apresentações musicais/artísticas e
torneio de futebol, além de visitantes e apoiadores de Belo Horizonte e
Brasília. Nesta feira participaram várias comunidades quilombolas, sendo os
vencedores do torneio de viola conhecidos cantadores do Brejo dos Crioulos.
11.
Não abrimos mão de nossas terras e não sairemos do Para Terra I. Somos todos
parte de um mesmo povo que desde o período da escravidão, passando pela
histórica batalha de Cachoeirinha em 1967 (durante o regime militar) e até os
dias atuais, lutamos pelo fim do latifúndio improdutivo e pela distribuição das
terras roubadas de nossos antepassados aos camponeses pobres sem terra ou com
pouca terra.
12.
Convocamos todo o povo de Varzelândia, São João da Ponte e região a apoiarem
nossa luta pelo direito de vivermos e trabalharmos em cima de nossas terras,
respeitando nossa autonomia econômica, política e cultural de respondermos nós
mesmos sobre nossos destinos.
13.
Conclamamos a todas as pessoas honestas e de bem, todas as autoridades e órgãos
responsáveis ou relacionados à criação do Território Quilombola que se oponham a
violência que representa a expulsão de nossas terras e/ou a inclusão forçada de
nossa comunidade ao “Território Quilombola do Brejos dos Crioulos”.
Associação
dos Trabalhadores Rurais do Para Terra I
Liga
dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Bahia
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