GREVE NA UNIFESP
No mês de Setembro de 2010, estudantes da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) campus Baixada Santista (Cidade de Santos, litoral de São Paulo) iniciou uma campanha pela permanência estudantil e no dia 30 do mesmo mês realizaram um ato, entregando um manifesto de reivindicações à direção do campus.
Como já era esperado, a resposta não foi satisfatória e no dia 06 de Outubro em assembléia, os estudantes deflagraram greve tendo como principais reivindicações:
- Auxilio moradia, transporte e alimentação;
- Restaurante Universitário;
- Piscina, laboratórios e materiais adequados para a realização das aulas e pesquisas;
- Aumento do espaço físico da biblioteca;
- Mais computadores funcionando com os programas necessários para realização dos estudos e pesquisas;
Os cursos oferecidos nessa unidade são de Psicologia , Terapia ocupacional , Fisioterapia, Educação Física e Serviço Social.
Há 5 anos os estudantes estão instalados num local provisório divididos em 2 unidades distantes, sendo uma na Ponta da Praia e outra no inicio da Ana Costa, na Vila Mathias.
Em audiência publica realizada no dia 14 de Outubro a reitoria assume que esses problemas ocorrem devido a má administração dos recursos públicos e planejamento.
No dia 21 do mesmo mês, houve uma assembléia no campus Guarulhos(região metropolitana de São Paulo) onde os estudantes também decidiram pela greve.
A pauta tinha como principais reivindicações:
- Construção imediata do prédio definitivo do campus;
- Diminuição do preço da refeição do bandejão.Fim da terceirização do restaurante universitário;
- Implantação imediata da linha de ônibus metrô Itaquera (SP) ao Bairro dos Pimentas(região que se localiza o campus) ;
- Construção de moradia estudantil próxima a universidade;
- Garantia da conclusão da graduação (não ser jubilado antes dos 8 anos de curso);
- Ampliação do espaço da biblioteca para receber os 20.000 livros arrecadados na feira do livro realizada este ano;
Com muita disposição de luta ambos os campi vem resistindo e organizando um movimento cada vez maior.
Após a deliberação pela greve houve um confronto entre os estudantes e a GCM (Guarda Civil Metropolitana de Guarulhos) que os impediram de entrar no CEU (Centro de Educação Unificado) para divulgar a decisão aos demais, os agredindo com violência alem de aprisionar alguns deles no seu interior, espancando-os e deixando-os com vários hematomas pelo corpo.
Este local que tem como finalidade servir à comunidade, pois se trata de um Espaço Publico Municipal de cursos e recreação para a população carente,vem sendo utilizado pela UNIFESP para ministrar as suas aulas por não ter ainda o seu prédio definitivo.
Desde então as mobilizações seguiu aumentando: no dia 22 de Outubro houve a participação na reunião do CONSU ( Conselho Universitário ), seguida de uma caminhada de protesto até o novo prédio da reitoria, alem das várias atividades de greve e assembléias em ambos os campi, sendo uma delas unificada com as demais unidades: Diadema, São Paulo e São José dos Campos. Moções de apoio dos trabalhadores, professores e outras entidades estiveram presentes.
Mas foi no dia 09 de Novembro após a mesma atividade que todos seguiram em ato ate a reitoria para entregar ao reitor Walter Manna Albertoni uma pauta unificada.
A manifestação estudantil demonstrou que somente com a radicalização pode se conquistar qualquer reivindicação, já que desde que chegaram em frente ao prédio tentaram de todas as formas serem recebidos pelo Reitor com a palavra de ordem: “DESCE ALBERTONI, DESCE !”. Ele resistiu em responder e todos insistiram com o protesto gritando: “ALBERTONI, PODE DESCER, TEM UMA ÁRVORE ESPERANDO POR VOCÊ !” (fazendo alusão a sua declaração : “...O mais importante em uma universidade é professor bom e alunos bem selecionados. Com isso , pode dar aula até embaixo de uma árvore”. O ESTADO DE SÃO PAULO 22/03/2010). Ao responde - los disse que a porta estava aberta, porém o portão estava repleto de seguranças e PMS (Policiais Militares) prontos para recebe - los com empurrões e "sprays" de pimenta.
Após muita resistência o reitor finalmente atendeu ao chamado comprometendo - se em responder a carta no prazo de sete dias, não escondendo sua postura antidemocrática dizendo “que aquilo era uma palhaçada!”.
Todos estes problemas da UNIFESP e conseqüência da má administração da universidade demonstrada pela própria prestação de contas ao TCU (Tribunal de Contas da União):
“Em 2009 foram cancelados R$32.200.000,00, dos quais 3.900.000,00 relativos ao Campus de Diadema, R$ 20.110.000,00 do Campus da Baixada Santista, R$ 190.000,00 do Campus São José dos Campos e R$ 8.000.000,00 do Reuni, para remanejamento entre grupos de despesas diversas visando à aquisição de imóvel para sediar o prédio da reitoria, para o pagamento da dívida da SABESP e para atender ao pagamento das parcelas do terreno do campus de Osasco. A readequação orçamentária foi necessária para o atendimento de novas demandas, conforme mencionado, uma vez que os créditos destinados a cada campus não foram utilizados em sua totalidade, em função das dificuldades relacionadas aos processos de licitações e outros entraves que dificultaram o início das obras”.
E também do projeto REUNI (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) que e parte do plano de contra reforma universitária do Banco Mundial executado pelo gerente Luiz Inácio .
O projeto foi decretado às universidades federais brasileiras no ano de 2007 e desde então todas elas vêm sofrendo suas conseqüências. Nos últimos 4 anos a UNIFESP, por exemplo, multiplicou seis vezes o seu número de matriculas, eram 1150 antes do REUNI e hoje passam dos 7000 sem o aumento de verba correspondente, gerando a falta de assistência estudantil, a precariedade das instalações, o aumento excedente de alunos para os professores. Atualmente ela conta com 6 campi incluindo o de Osasco (região metropolitana de São Paulo) que ainda não iniciou suas aulas, sendo previstas para 2011 no prédio da FAC-FITO (Faculdade de Ciências da Fundação Instituto Tecnológico de Osasco) mantido por uma fundação publica de administração indireta da prefeitura de Osasco (PT) . Seus atuais funcionários, professores e estudantes não sabem qual será sua situação após a instalação da UNIFESP.
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